terça-feira, 25 de abril de 2023

Hoje vou escrever, doa a quem doer.
Óbvio que só dói em mim, a partir do momento que meus textos são desabafos para eu mesma. Até que algo seja necessário ser compartilhado.
Sem segredos e sem divulgações. 
Quantas vontades cabem dentro de uma pessoa sedentária, parada, travada e quieta em sua maior parte? Quantos universos não explorados ainda? Quantas potências nem ao menos descobertas? 
Me curar de mim tem sido a jornada mais longa e esquisita da minha vida. 
É tanta queda com gosto de gratidão. É tanta gratidão com sensação de angustia. 
Eu aprendi a ser grata até mesmo pela minha melancolia e minha facilidade de olhar pro abismo e flertar com a morte. Não me sinto obscura por isso, mas faz parte da minha história.
E tem essa nova versão minha querendo ser vista, querendo fazer diferente, num corpo crescido com antigos padrões, com falta de amor e hoje com falta de disposição.
Eu tento muito mudar os pensamentos, mudar as atitudes e tudo que cerca esse desafio insano que é me amar.
É só pedir pra pensar nisso que muitas coisas chegam para interferir na concentração, no foco em mim mesma. E se vem, chega em forma de Creep do Radiohead... o que foi aquele dia na estação de metrô em SP, entre trabalho e faculdade? Sem forças para andar, sem forças pra parar de chorar. A multidão NUNCA me impediu de desabar, na verdade a sensação de vazio no coletivo era até mais convidativa à dor do que o conforto... são muitas consciências e nenhuma se conecta à sua. Que loucura! A dor no peito de se sentir um nada, ocupando um grande espaço ao mesmo tempo. 
O dilema de ser gorda e se sentir invisível. Será que um dia acaba? Porque não há lugar que eu ocupe que não sinta essa necessidade de tentar caber, de tentar não incomodar e nem invadir o espaço dos outros.
Ser grande e engolir pessoas dentro dos meus abraços, mas ao deitar sonhar e ser abraçada tanto quanto.
Ao que busco o auto amor, também busco ser amada, não apenas por mim... mas a invisibilidade como mulher me desanima ao ponto que somente quem sou se sobressai: a mãe que sempre foi amiga de todos.
Reconheço meu mérito como amiga foda que sei que posso ser... Mas quanto desejo ainda será ignorado e auto-negado, ao longo dos passos. Meu corpo dói todos os dias, imagino que não tenho merecimento de ter alguém, de receber um olhar de me sentir interessante.

A verdade é que eu só queria saber se existe lugar no mundo para quem não se encaixa em seus próprios pensamentos?




... she sing!

muladhara

" um belo dia resolvi mudar, e fazer tudo o que eu queria fazer" HAHAHAHA não sei de onde as pessoas tiram que é simplesmente QUER...